PUERTO MADERO; BUENOS AIRES

Uma muito bonita e interessante área de renovação e desenvolvimento urbano iniciado no final dos anos 80 e ainda em andamento. A arquitetura no geral é modernosamente óbvia (exceto na reforma dos antigos galpões do porto), porém a denominada Puente De Las Mujeres é uma obra-prima do Santiago Calatrava: lindíssima. Mas se o projeto no geral é bom, tem um ponto que acho falho: ninguém mora em Puerto Madero; só há restaurantes (principalmente para turistas), um único hotel de luxo e escritórios de alto padrão a não poder mais (a maioria, até onde pude observar, desocupados). Ambientes urbanos em que não mora gente entra - com raríssimas exceções - em decadência e já há alguns discretíssimos sinais disso na área da renovação urbana (a parte mais antiga e turística da intervenção) dos antigos galpões. Espero que os gestores, empreendedores e meus colegas portenõs percebam isso e tomem as medidas necessárias para fazer gente ir morar por lá. Seria, como dizem eles, “bárbaro” ,pois o ambiente urbano que criaram é muito agradável. Eu adoria morar por alí, em meio àquele ambiente tão náutico.

BIENAL DE ARQUITETURA DE VENEZA

Chamem-me conservadora e até de "arquiteta prancheteira". Aceito sem melindres.

Mas arquitetura e arte são duas coisas diferentes. Se a boa arquitetura por suas qualidades quando feita por grandes arquitetos ganha a dimensão de obra de arte, antes e sempre deve cumprir sua função básica: abrigar gente e suas necessidades práticas e(ou) emocionais. Desse conceito não abro mão. Confundir arquitetura com instalações pretenso-artísticas, montagens no máximo curiosas e manifestações conceituais acerca da vida relizadas por meios tecnológicos que forem é o que fizeram os curadores dessa Bienal de Arquitetura de Veneza transformando-a, com duas ou três exceções num amontoado de curiosidades. Tem muito de tudo e pouco de arquitetura. Arquitetos de verdade manifestam-se e a suas opiniões pelo espaço construído e habitável. O resto é só manifestação para permitir conversa exótica de intelectuais desocupados. Enquanto isso o nossas cidades vão ficando cada menos habitáveis e as grandes massa humanas sem ter onde morar.